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Uma vida de presente

Uma vida de presente, por Estella Maris Simon*

Por mais que as poderosas ferramentas do marketing contemporâneo nos bombardeiem com mensagens comerciais acerca do Dia das Crianças, e da importância de fazer uma criança feliz com brinquedos comprados em shopping centers, há presentes de muito mais valor e de custo praticamente zero: são os valores de vida.

Historicamente, os valores pelos quais pautamos nossas vidas eram transmitidos pela chamada tríade da difusão cultural: família, escola e igreja. Esta última vem perdendo espaço, cada vez mais, para a mídia. A tendência reforça a importância de a escola, mas sobretudo de a família, cumprir seu papel de educador de nossas crianças. E essa educação se dá, normalmente, pelos exemplos. Ao presenciar a atitude e a postura de seus pais no trânsito – como dirigem, atravessam a rua ou realizam qualquer ação –, as crianças estão tendo uma aula de como devem se portar.

Muito provavelmente a correria do dia-a-dia, sobretudo quando um terço dos lares brasileiros já é chefiado por uma mulher, leva os pais a quererem “terceirizar” a educação de seus filhos para as escolas. A expectativa é de que essas instituições, além de conteúdos, transmitam e construam os valores que nossas crianças necessitam para se tornarem cidadãos responsáveis no futuro breve. Uma pesquisa do início dos anos 2000 mostrou que o tempo médio de convivência de um executivo com seus filhos é de sete minutos por dia e, nesse contexto, fica realmente difícil construir valores em família. Difícil, mas não impossível.

Se o risco de acidentes de trânsito aumenta na faixa dos oito aos nove anos de idade, como mostram as estatísticas, é sobremaneira importante que elas tenham de casa as noções básicas de como sobreviver a esse ambiente por vezes inóspito e cruel. Não é preciso necessariamente assustar, mas pelo menos conscientizar, pois elas não crêem na morte, uma vez que nos desenhos animados os personagens passam por todo tipo de situação perigosa sem maiores conseqüências. Assim, em vez de falar em morte, é melhor dizer que vai se machucar muito e que vai doer bastante, em caso de um acidente, e assim a rua não é lugar apropriado para brincadeiras.

Mas palavras são vazias se não estiverem acompanhadas de atos seguros por parte de nós, adultos. É preciso se comportar como um pai, uma mãe, um familiar, que zela verdadeiramente pela segurança e cidadania no trânsito, e é nesse exemplo que as crianças vão reparar. Por isso, no Dia da Criança, dê uma lição de vida a seus filhos. Afinal, o melhor presente é dar um futuro.

*DIRETORA-PRESIDENTE DO DETRAN/RS

PUBLICADO NO JORNAL ZERO HORA DE 09/10/2008

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Comentários

Unknown disse…
Jamais vou esquecer a lição da carroça a partir de hoje vou prestar muita atenção nos momentos de falar o que penso.Renata

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